“O serviço da Conafer é entregar bezerro”, denuncia Beto Pereira, e presidente da entidade é preso por mentir em depoimento na CPMI

Durante a sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no INSS, o deputado federal Beto Pereira (PSDB) interpelou o presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes, sobre os serviços prestados de “entrega de bezerros” a aposentados e pensionistas.

A entidade está sob investigação após um aumento expressivo em seus descontos nos benefícios, que cresceram de R$ 400 mil em 2019 para R$ 277 milhões em 2024.

Beto começou questionando Lopes sobre sua afirmação de que apenas 11% dos associados da Conafer são pensionistas. “Dos R$ 800 milhões arrecadados nos últimos cinco anos, o senhor quer dizer que apenas 11% vêm de pensionistas?” desafiou o deputado, expresso em sua indignação.

O deputado ressaltou que a CPMI tem como objetivo principal esclarecer o destino dos valores descontados. “O modus operandi consistia em entidades credenciadas pelo Ministério da Previdência que recebiam autorizações, muitas vezes fraudulentas, para realizar descontos nas aposentadorias. Essas entidades se beneficiaram financeiramente, enchendo seus cofres enquanto os recursos eram desviados para empresas criadas ou apropriadas para esse fim”, denunciou, criticando a falta de transparência.

O parlamentar também destacou aspectos preocupantes sobre a gestão da Conafer, mencionando nepotismo e conflitos de interesse, já que Lopes ocupou a presidência desde a fundação e emprega familiares em posições estratégicas.

“O serviço da Conafer é entregar bezerro. Quatrocentos mil bezerros foram entregues”, afirmou, evidenciando a desconexão entre as operações da entidade e os benefícios reais para os aposentados.

Quando perguntado sobre os serviços efetivamente prestados, Lopes apenas respondeu que eram “vários”, sem dar detalhes.

Ao final de sua indagação, Beto fez um desabafo contundente sobre a situação. “Vivemos em um país de impunidade, onde os fraudadores agem sem medo das consequências.” Ele complementou, afirmando que “é muito dinheiro para muita farra”, evidenciando sua indignação diante da gravidade dos desvios e da falta de responsabilização.

Falso testemunho

Após o término do depoimento, Carlos Lopes foi preso sob a acusação de mentir durante seu testemunho. O pedido de prisão foi feito por pelo menos três parlamentares em momentos distintos. Primeiramente, o vice-presidente da CPMI, Duarte Jr. (PSB-MA), solicitou a detenção por desacato; em seguida, Marcel van Hattem (Novo-RS) e o senador Magno Malta (PL-ES) subsequente solicitaram a prisão devido às mentiras apresentadas durante a audiência. Carlos Roberto Ferreira Lopes foi conduzido, por volta das 1h30, para prestar esclarecimentos à Polícia Legislativa.

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