Durante o depoimento do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, na Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) do INSS, nesta segunda-feira (8), o deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS) manteve um tom incisivo, questionando a sua postura diante de denúncias de fraudes envolvendo descontos em folha de pagamento de aposentados. Lupi foi confrontado diretamente por Beto sobre sua suposta falta de conhecimento a respeito das irregularidades, que já haviam sido denunciadas em gestões passadas.
Beto começou a sua fala lembrando um trecho do discurso de posse de Lupi, em 3 de janeiro de 2023: “Não podemos cobrar as taxas de juros que se cobra de quem é aposentado. É desleal, não me conformo em ver a humilhação que nossos aposentados estão passando. 60% das prefeituras sobrevivem de dinheiro dos aposentados e pensionistas”.
O deputado enfatizou a crise enfrentada pelos aposentados e questionou como estas questões haviam passado despercebidas pelo ministro.
Durante a audiência, Beto salientou que “os descontos fraudulentos e associações fantasmas em nenhum momento foram observados” por Lupi, ao que recebeu como resposta do ex-ministro a afirmação de que “não sabia na época o que era desconto associativo”.
Essa declaração provocou uma reação imediata de Beto, que afirmou estar “perplexo” com a falta de conhecimento do então ministro, especialmente em um contexto onde denúncias estavam em destaque, com vários órgãos investigando as irregularidades.
“Fico perplexo, o então ministro tomando posse diante de um período de transição não sabia ou tinha qualquer conhecimento enquanto pipocavam denúncias no Ministério Público Estadual e Federal, juizados, Procon, em todos os órgãos haviam apontamentos contra essa denúncia”, criticou o deputado.
Beto cobra posicionamento
Beto não hesitou em lembrar que parlamentares do PT levantaram essas questões durante o governo de Bolsonaro e questionou como Lupi poderia alegar desinformação depois de quatro anos.
Beto, em um tom provocativo, concluiu que a experiência política de Lupi, que conta com mais de 40 anos, “não garante sucesso em gestão”.
Ele reforçou que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é um órgão autônomo e que Lupi teve total liberdade para montar sua equipe, ressaltando que “o presidente (Lula) deu total autonomia” e que mesmo com recomendações contra a contratação de colaboradores, Lupi não tomou as atitudes necessárias.
Ao ser questionado sobre nomeações na Previdência e no INSS, Lupi reconheceu que indicou alguns nomes ligados às áreas investigadas, como Adroaldo da Cunha Portal, ex-secretário do Regime Geral de Previdência.
O embate escalou quando Beto ironizou a falta de iniciativa do ex-ministro em resolver questões críticas: “Olha quanto tempo o senhor teve para ter a convicção para acabar com o desconto em folha. Em nenhum momento o senhor teve iniciativa para que a farra acabasse”.
Lupi esteve à frente do Ministério da Previdência de janeiro de 2023 até maio de 2025, tendo pedido demissão cerca de uma semana após a deflagração da operação da Polícia Federal que apura fraudes, com descontos indevidos em aposentadorias e pensões.