Para o deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS), a fraude do INSS trata-se do “maior desvio de dinheiro público da história do país”. Ao dar início aos trabalhos de investigação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre a operação “Sem Desconto,” o parlamentar recebeu um relatório da Procuradoria-Geral do Estado e da Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor (PGE/Procon MS). Esse documento trouxe à tona uma lista de 121 empresas que, em 2024, realizaram descontos indevidos a aposentados e pensionistas no estado, um número que supera em dez vezes as 11 empresas atualmente sob investigação pela Polícia Federal.
“Por conta disso, os valores envolvidos podem ser significativamente maiores do que os R$ 6,3 bilhões divulgados pela operação”, acredita Beto, em entrevista ao programa Giro Estadual de Notícia, do grupo Feitosa de Comunicação.
Beto não poupou críticas à maneira como o Governo Federal tem tratado o caso na propaganda oficial, classificando-o apenas como “descontos indevidos”. Ele ressaltou a pressa excessiva do ressarcimento, que, nesta semana, levou dezenas de pessoas a enfrentarem longas filas nas agências do INSS e nos Correios em busca de atendimento. Sem a opção de recorrer à Justiça para reivindicar danos morais, muitos aposentados e pensionistas acabam, segundo ele, “assinando um contrato com o diabo”.
“A impressão que se tem é de que o INSS está escondendo algo. Essa exigência de concordância ampla e restrita gera desconfiança sobre o que realmente está por trás de tudo. Essa opacidade apenas aumenta as dúvidas e a insegurança do cidadão”, alertou Beto.
O parlamentar enfatizou que a população brasileira pode esperar da CPMI do INSS uma resposta contundente. A CPMI será instalada em agosto, e Beto delineou três encaminhamentos essenciais para a comissão.
O primeiro ponto é a necessidade de aprimorar a legislação que garanta a segurança dos aposentados e pensionistas, com a defesa da proibição de qualquer desconto na folha de pagamento.
O segundo encaminhamento envolve a responsabilização de todos os envolvidos na fraude, tanto daqueles que se enriqueceram com os desvios, quanto aqueles que facilitaram ou se beneficiaram do esquema bilionário, incluindo o ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, e o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. “Todos que contribuíram para essa roubalheira devem ser responsabilizados”, afirmou.
Por fim, o terceiro ponto é investigar as empresas implicadas e buscar o ressarcimento dos valores desviados. “É inaceitável que, sabendo que foram roubados, os prejudicados não tenham nenhum recurso para reaver o que é seu”, destacou. “Não podemos permitir que a população pague essa conta”, completou Beto.